terça-feira, 25 de março de 2008

Ennio Morricone faz apresentação "pop" em São Paulo


Com uns poucos lugares vazios na platéia, o maestro italiano Ennio Morricone se apresentou para um público facilmente impressionável, ontem à noite, no Teatro Alfa. Foram muitos aplausos, algumas ovações de pé e gritos ocasionais de "Bravo!". A grande verdade é que Morricone, um músico muito mais sofisticado do que faz imaginar a apresentação de ontem, entregou aos seus abastados espectadores o que esperavam dele: uma apresentação pop.
O concerto foi aberto pelo coral do Instituto Baccarelli, mantido pelo Instituto Baccarelli, que será beneficiado com parte da bilheteria. Os meninos e meninas, que assistiram aos ensaios da orquestra Roma Sinfonietta, cantaram "Sina", de Djavam. E foram aplaudidos até que o último saísse do teatro. Um toque de humanismo e sensibilidade em uma noite de muitas ostentações.O compositor e regente da noite subiu ao palco envergando um fraque negro, cumprimentou a platéia e deu início ao programa em duas partes. Na primeira, os temas mais conhecidos: "Os Intocáveis", "Cinema Paradiso" e "A Lenda do Pianista no Mar". No encerramento, a suíte "Modernidade do Mito no Cinema de Sergio Leone", com os temas da trilogia do cineasta italiano dedicada ao faroeste americano. O mítico tema de "Era Uma Vez no Oeste" foi seguido dos de "Quando Explode a Vingança" e "Três Homens em Conflito", que contaram com as participações do Coral Paradiso e da (over) soprano Susanna Rigacci.Na segunda parte, Morricone entabulou uma viagem pelos temas de filmes históricos e políticos. Na abertura, os temas do telefilme "Moisés" e da minissérie (lançada apenas em DVD no Brasil) "Marco Pólo". Em seguida, os temas de "A Missão", "Sacco e Vanzetti", "Pecados da Guerra" e a breguíssima "Abolisson", um dos temas de "Queimada". O maestro ainda voltou para mais três bis, encabeçados pelo inspirado tema de "Os Intocáveis".Para os conhecedores de música, foi um concerto com o que há de mais comum no currículo de Ennio Morricone. Ficaram de fora as peças atonais e dodecafônicas feitas para os filmes de Pasolini, em especial de "Teorema", os temas de "La Califa", de Bevilacqua, e "O Deserto dos Tártaros", de Valério Zurlini. Um concerto que certamente não agradaria tanto como o de ontem.
(Texto retirado do site UOL por ALESSANDRO GIANNINI)

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